No dia 20 de julho de 1959, há 49 anos atrás, o dinamarquês Knud Harald Lykke Gregersen desembarcava no porto de Santos para dar início a história da tatuagem moderna brasileira. Lucky Tattoo ou Mr. Tattoo, como era chamado por seus clientes era loiro e corpuleto, filho de Jens e Ema Gregersen, nasceu na cidade de Copenhague em 14 de maio de 1928. A paixão pela arte e pelos pigmentos foi transmitida ao Lucky por seu pai, famoso tatuador europeu nos anos 30 e 40.
Lucky Tattoo já havia exercido outros ofícios em cidades como Atenas, Hamburgo, Londres, Nova York e Gênova mas foi em Santos que o primeiro tatuador profissional da América do Sul abriu seu estúdio. Inicialmente seu estúdio situava-se à rua João Otávio, local frequentado por seus principais clientes, os marinheiros. Em 63 o tatuador mudou seu estúdio para a rua General Câmara, onde ostentava junto a porta de entrada a seguinte frase: “It’s not a saylor if he hasn’t a tattoo” ou “Não é um marinheiro se não tiver uma tattoo”.
O tatuador pioneiro logo tornou-se notícia e menos de seis meses depois de sua chegada ao Brasil, foi matéria do jornal Folha de São Paulo em 1960. Em 1975 o jornal O Globo publica uma entrevista de meia página em seu primeiro caderno, entitulada "Tattoo Lucky, o único tatuador profissional da América do Sul". Já em 1977, o ainda jovem e famoso apresentador Sílvio Santos, entrevistou Lucky Tattoo que participou também do programa de Flávio Cavalcanti, outro famoso apresentador da extinta TV Tupi.
Mas foi nos anos 70 que a tattoo quebrou seus primeiros tabus, e aos poucos a sociedade parou de classificá-la como arte para prostitutas e marinheiros, permitindo que aos a nobre arte penetrasse na pele da classe média. José Artur Machado, conhecido como “Petit”, foi um dos muitos jovens cariocas que tatuou-se com Lucky, seu dragão tatuado no braço foi imortalizado por Caetano Veloso com a canção “Menino do Rio”, já o Evandro Mesquita, ator do programa "A Grande Família", que na época era vocalista da banda de sucesso Blitz, tem impresso no braço uma áquia tatuada por Lucky Tattoo, a tatuagem pode ser vista na imagem ao lado.
O pioneiro da tatuagem no Brasil ficou em Santos por dezoito anos, e depois mudou-se para Itanhaém, devido aos constantes assaltos. Cinco anos depois de sua chegada a Itanhaém, Lucky mudou-se para Arraial do Cabo no Rio de Janeiro, permanecendo por lá até a sua morte em 17 de dezembro de 1983, aos 55 anos de idade. Sua morte foi capa do jornal A Tribuna, matéria ocupou mais da metade desta página. O texto da matéria sobre a morte de Lucky Tattoo foi assinado pelos renomados tatuadores Johnathan Shaw (Americano) e Ciccio (Italiano), que na altura trabalharam no Brasil.
Lucky Tattoo contabilizou nada menos que 45.000 tatuados em 30 anos de carreira artística, 24 deles em território brasileiro.
Toda esta história esta ligada ao dia de hoje (20 de julho), data em que o dinamarquês Lucky Tattoo chegou ao Brasil. Esta data foi escolhida pelo Sindicato dos Tatuadores e seus associados, como o Dia Nacional do Tatuador.
Por isto, parabenizamos à todos os tatuadores e tatuadoras brasileiros(as), espalhados por todo o planeta e desejamos uma vida repleta de arte, cor e harmonia.
Parabéns Tatuadores(as)
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